122 anos após a abolição da escravatura, os negros no Brasil não estão livres. Ao contrário, em geral nascem condenados a condições subalternas, a ganhar 50% menos e a viver em condições mais precárias que a média da população. São negros 63% da população que vive abaixo de linha de pobreza e 70% dos que vivem abaixo da linha de indigência. A expectativa de vida do homem negro é seis vezes menor que a de um homem branco; e a violência urbana se encarregado de encurtar ainda mais a precária vida dos jovens pobres, que, em sua imensa maioria, são negros. Estes são dados levantados pelo IPEA, mas todos os indicadores sócio-econômicos disponíveis confirmam que a extrema desigualdade na distribuição da riqueza no Brasil, contém um componente racista.
O professor Rafael Guerreiro, do instituto referido (IPEA), referindo-se à naturalização da invisibilidade e da subalternidade reservadas à população negra, afirma que, “a ideologia racista inculcada nas pessoas e nas instituições leva à reprodução, na sucessão das gerações e ao longo do ciclo da vida individual, do confinamento dos negros aos escalões inferiores da estrutura social, por intermédio de discriminação de ordens distintas, explícitas, veladas ou institucionais que são acumuladas em desvantagens”. Isso significa que a desigualdade decorre do esforço de várias gerações da classe dominante brasileira para “embranquecer” a maioria da população, através da exclusão dos “indesejáveis”, conformando uma aberração que, de tão repetitiva; naturalizou-se: não provoca mais espanto, nem perplexidade nas pessoas.
A erradicação do racismo e a construção de uma real democracia racial no Brasil são desafios tão atuais quanto o eram à época da abolição da escravatura; desafios que jamais serão vencidos sem as numerosas batalhas que o Movimento Negro e aliados anti-racistas se propõem a travar, pela instituição de políticas de ação afirmativa e outras medidas de reparação da dívida histórica do Estado com os negros. A chamada Lei Áurea, instituída por uma monarquia já em processo de esgotamento e definitivamente incapaz de frear o movimento abolicionista, é um marco de importância limitada às novas exigências do capitalismo no final do século 19. Ademais, a escravidão ainda é acintosamente praticada no Brasil, em especial na Amazônia e em nosso estado. Por isso, é mais coerente encarar o dia 13 de maio como um dia de luta contra o racismo e a escravidão contemporânea.
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